
São Paulo - Havia gente chorando no final de "Tropa de Elite 2", na primeira exibição do filme de José Padilha, na terça-feira à noite, no interior de São Paulo. O filme entrou pela madrugada de hoje. O local de exibição não foi aleatório - contratualmente, "Tropa 2" tinha de estrear em Paulínia, depois de ganhar o edital de distribuição da Prefeitura da cidade. As lágrimas daquela galera eram justificadas. "Tropa 2" estabelece um novo patamar para o capitão, agora coronel, Nascimento. Ele está mais consciente, trágico.
O próprio filme confronta o espectador com um Brasil no qual milícias, corrupção e politicagem fazem parte do coquetel. "O Brasil é isso", diz Padilha. Mas nessa m... toda, há esperança, e é o que torna o filme mais belo e, paradoxalmente, triste. Tropa (1) terminava com uma execução, o 2, de certa forma, se encerra com um renascimento. Padilha, Wagner Moura e a poderosa equipe de "Tropa 2" conseguiram. Fizeram uma sequência que é melhor do que o original. Você poderá ouvir vozes discordantes. Toda unanimidade é burra, dizia Nelson Rodrigues.
A partir de sexta-feira, "Tropa 2" toma de assalto as telas de todo o País. Depois que o 1 vazou, chegou primeiro aos marreteiros (camelôs) e virou o fenômeno de pirataria que se sabe, virou questão de honra - e de sobrevivência - garantir o ineditismo do 2 até o lançamento nos cinemas. Serão 600 cópias, que virão se somar às 390 de "Nosso Lar". O cinema brasileiro ocupa quase mil salas com apenas dois filmes. É dono, por um momento, do próprio mercado - e vem aí um fim de semana de feriadão, quando deverá aumentar a frequência nas salas.
Os olhos de Wagner Moura brilham. Ele abre o sorriso, no café da manhã de hoje, num hotel de Campinas. Moura varou a madrugada. Usa óculos escuros para disfarçar (a ressaca? o abatimento?), mas está firme e forte no horário acordado para a entrevista. Ele é sócio de "Tropa 2", mas não é a perspectiva do faturamento que o anima. É a sensação de ter feito um filme do qual pode se orgulhar.
E a noite de terça foi especial para ele. Enquanto "Tropa 2" passava em Paulínia - e ele podia, enfim, testar a reação do público, vendo o filme com uma grande plateia, em condições impecáveis de som, e imagem -, "Vips", de Toniko Melo, vencia o Redentor de melhor filme no Festival do Rio e Wagner recebia o prêmio de melhor ator.
Ele tinha motivos para comemorar - até o sucesso de sua candidata na eleição presidencial, Marina Silva (PV), que ultrapassou a margem das pesquisas e virou o fiel da disputa de 31 de outubro. Historicamente votante do PT, e defensor do governo Lula, Wagner Moura desiludiu-se com o fisiologismo que tomou conta do partido. Ele ainda não sabe em quem vai votar. Vai esperar pela definição de Marina? "Poderá ajudar", ele anuncia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
obrigado