
Brasília - O governador do Amazonas, Omar Aziz (PMN), disse nesta segunda-feira (4) que sempre apoiou a candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, mas agora no segundo turno ela precisa assumir compromissos claros com o Amazonas, como resolver o problema da crise energética, prorrogar e ampliar a Zona Franca de Manaus (ZFM) e garantir investimentos em infraestrutura para as obras da Copa do Mundo de Futebol de 2014.
Omar, os senadores eleitos Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB) participaram na segunda-feira em Brasília, da reunião convocada por Dilma com os governadores e senadores eleitos para avaliar e definir as estratégias de campanha no segundo turno, em que disputará a presidência da República com o candidato José Serra (PSDB).
O governador venceu a eleição depois de discordar do ‘palanque único’ proposto pelo governo federal para o Amazonas em favor do senador Alfredo Nascimento (PR), que foi apresentado no Estado como o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a gravar um vídeo de apoio ao ex-ministro dos Transportes.
O fato de Dilma não ter ido ao Estado durante a campanha, não ter feito sequer uma gravação específica para o Estado em vídeo, aliado aos problemas da energia elétrica Manaus, prejudicaram o desempenho da ex-ministra no primeiro turno, avaliou Eduardo Braga. Em Manaus, a ex-ministra obteve menos de 60% dos votos e, no interior, quase 80%.
Durante a reunião coletiva com Dilma, Omar disse que lembrou à candidata, também, que nem ela nem Lula gravaram vídeo para a campanha dele e, mesmo assim, contou com o apoio do grupo, que conseguiu eleger os dois senadores aliados, seis deputados federais e maioria absoluta na Assembleia Legislativa do Estado (ALE).
“Eu só estava fazendo uma avaliação. Acho que no Amazonas a Dilma vai ter uma votação boa, é natural, até porque existe uma resistência ao Serra, não é só pelas lideranças políticas, mas pela população do Estado do Amazonas. Mas que em relação ao Brasil, eu achava que ela tinha que realmente deixar claro que, quem vai governar o País é ela”, disse o governador.
Após a reunião geral, Dilma recebeu os três reservadamente e, segundo a Agência de Comunicação do Estado, se comprometeu em prorrogar e expandir a ZFM, incentivar o polo petroquímico para exploração da silvinita e apoiar as obras de infraestrutura. Hoje às 9h, os três terão uma reunião com o presidente Lula, no Palácio da Alvorada.
Desgaste
Na avaliação de Vanessa Grazziotin, houve um certo desgaste na relação no primeiro turno, muito mais com Lula que com Dilma, que decidiu ficar de fora da disputa local e preservar os apoios, enquanto Lula optou por Alfredo, que perdeu a eleição.
“Isso não foi muito bom, não enquanto ao Omar como candidato, mas em relação à militância, aos eleitores dele. Isso também no Estado do Amazonas foi um elemento que fez com que muitos votos da Dilma migrassem para a Marina e nós temos condições de recuperar plenamente esses votos no segundo turno”, disse.
Para Omar, o compromisso de Dilma com o Estado é promordial para que eles retornem ao Amazonas e justifiquem aos eleitores porque trabalhar por ela nessa segunda fase da campanha, mesmo sabendo que os eleitores rejeitam José Serra por causa da Zona Franca de Manaus.
Ainda assim, prosseguiu o governador, as eleições deste ano mostraram que o eleitor do Amazonas vota de acordo com os interesses locais. “Uma coisa é o Lula, outra coisa é quem ele indica. Nós vamos deixar claro que não é por aí. O povo do Amazonas gosta demais do Lula e todo mundo sabe disso, não é nem uma novidade o que eu estou contanto, mas ele (o povo) pensa nele também, nos compromissos”, disse.
Perguntado se o grupo vai convidar Alfredo para a campanha de segundo turno, Eduardo Braga disse que não. “Não é que não tenha nenhum interesse, nós descemos do palanque, mas não dá para voltar uma convivência sem que haja por parte dele uma reflexão da forma como ele conduziu a campanha. Eu acho que em qualquer luta existem limites éticos e o Alfredo não respeitou esses limites éticos, isso é uma questão de consciência de cada um”, afirmou.
Davi X Golias
Depois de conquistar a segunda vaga ao Senado, com 672.920 votos, Vanessa Grazziotin (PCdoB) disse que a campanha dela foi uma luta de Davi contra Golias, conforme tentou sustentar o senador Arthur Neto (PSDB), que não se reelegeu.
Segundo Vanessa, ao medir a estrutura de apoios do adversário, ele estava em vantagem, mesmo ela contando com o apoio do governador Omar Aziz e do ex-governador Eduardo Braga.
“As lideranças que estavam envolvidas na sua campanha eram muito mais numerosas do que aquelas que estavam envolvidas na minha. Dos candidatos a deputados federais da nossa coligação, a grande maioria fazia campanha para ele, as igrejas evangélicas todas se envolveram diretamente na campanha dele, gravando para ele na televisão”, avaliou.
Para Vanessa, além do apoio massivo ao senador, ela também teve sua base de votos rachada com a candidatura da ex-reitora Marilene Corrêa e do senador Jefferson Praia (PDT), que também integram a base aliada.
“Não foi uma luta fácil e ela foi o tempo todo como o zigue-zague, mas no final deu tudo certo. Acho que a população captou muito bem a mensagem. O que era melhor para o Estado do Amazonas? Alguém que esteja envolvido com um governo bom, com um governo que vem promovendo as mudanças que o Brasil e que a população necessita ou aquele que tem uma grande projeção nacional, mas uma projeção negativa em relação a esse bom governo”.
De acordo com a parlamentar, prevaleceu o projeto que ela representa e isso refletiu no interior, onde ela venceu inclusive em redutos do senador tucano.
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